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Histórico



A área do município de Boituva era habitada antes do período da evolução progressista alcançada no século XIX, por indígenas da tribo Guaianazes nos arredores de Porto Feliz e pelos índios Carijós por Sorocaba.

Os índios chamavam o lugar de M-Boituva, que na língua Tupi Guarani significa "muitas cobras", devido ao grande número de espécies que havia no local.

O local considerado lindo, com belas colinas, clima agradável era considerado uma área livre de enchentes. Cultivavam-se tubérculo, milho e algodão e suas colinas não concentravam muitos indígenas devido ao grande número de serpentes que viviam nas proximidades.

Era uma região entre duas cidades muito importantes na época e a área pertencia aos dois municípios de Sorocaba e Porto Feliz.

A população de Sorocaba nos meados do século XIX já era estimada em 25 mil habitantes. A cidade de Porto Feliz, ponto de partida das famosas monções que a princípio tinham funções administrativas, militares e científicas, se tornou ponto de partida de grandes expedições de aventureiros em busca de ouro.

No meio destas duas cidades ficava Boituva já oficialmente com sua área reconhecida pelo nome. Mapas da época já apontavam os bairros de Corumbá, Pinhal, Sítio Grande e Pau D'alho onde já residiam moradores e pousadas de descanso para viajantes, tropeiros, mascates e várias mudanças já instaladas. Existiam também caminhos para carros de boi com a finalidade de recolhimento das produções da área.

Várias sesmarias já haviam sido doadas nas áreas próximas. Primeiramente a José de Campos Bicudo, em 1726, quando foi oficializado o nome Boituva, e também outra, cedida a João Fernandes Maciel ainda no ano de 1766.

Outras terras devolutas também foram doadas nas proximidades, mas o boituvense de coração Francisco de Oliveira Filho, em seu livro "Boituva de Ontem", com muita propriedade, valoriza as terras doadas para João Fernandes de Campos Bicudo.

Constam vários de seus descendentes na história de nossa cidade, como o Coronel Arruda Botelho que, na penúltima década do século XIX, veio morar e marcou sua vida de forma elogiável.

Vieram também na metade do século gaúchos do Sul, tropeiros que foram se fixando na área, entre eles Jerônimo Soares Rosa, que adquiriu uma sesmaria no bairro Pinhal e dali deram início a uma das mais antigas indústrias, instalada em 1902.

Vicente Ferreira Prestes, um dos gaúchos vindos nos meados do século XIX, teve suas atividades centralizadas em Porto Feliz, e João Rodrigues Leite, adquiriu terras na região já conhecida como Boituva. No bairro Água Branca se estabeleceram diversas famílias, entre elas a família Miranda.

O cenário estava montado para o progresso com produção agrícola, pecuária, e também estradas ligando as duas cidades vizinhas como Tatuí, Tietê e Cerquilho. Outros bairros já começavam a ser povoados e entre eles Sítio Grande, na época pertencente ao município de Sorocaba e vários locais de parada de tropeiros já existiam pelas estradas da época. Eram os chamados "bolichos".

A produção não era valorizada devido ao alto custo do transporte para os centros consumidores. O grande impulso foi dado pela Sorocabana com projetos de avanço ao interior da província.

Nos planos da ferrovia constava uma estação com o nome do lugar já conhecido como Boituva, onde seria instalada uma estação tronco e de onde partiriam ramais para outras regiões da Província de São Paulo.

João Leite que tinha terras tomou conhecimento dos planos da Sorocabana e se entendeu com a direção da ferrovia doando as terras para a estação a ser instalada. Em 16 de Julho de 1882 foi inaugurada a estação.

Então, se fixaram funcionários da ferrovia e armazém de abastecimento. Foram montados, alguns pequenos hotéis, restaurantes, pensões e outros comércios. A produção agrícola aumentou com a chegada da Maria Fumaça, o que tornou compensador plantar, pois alcançavam os melhores preços, com maior rapidez na chegada do produto ao destino e com frete mais econômico.

Pessoas com idéia de residir em Boituva foram chegando. Ainda no século XIX, chegaram as famílias Vercellino e Bertoldi que deixaram a Itália e a Áustria para morarem na cidade após breve passagem pelo Rio de Janeiro.

As famílias Gianotti e Labronici da Bela Pieve Foxiana e Arruda Botelho, vieram se estabelecer pela cidade. Vindo de Porto Feliz, também o português Pereira Ignácio, depois de tentar a vida em São Manoel e Botucatu; os Trujilo vindos das Ilhas Canárias; Cezidio Primo que deixou a cidade de Vitorito na Itália. O mesmo aconteceu com os Miranda, Ribeiro, Monteiro descendentes da miscigenação de índios com portugueses.

Com o fechamento de Ypanema, os Walter, Pfifer, Essel, Holtz, de descendência austríaca e alemã e outros imigrantes adquiriram terras principalmente no Pinhal e Sítio Grande e a Alexandrina B. Vercellino.

A cidade de Boituva lhes deve a construção da primeira capela na área hoje urbana. O Coronel Arruda Botelho usando o seu prestígio político em Porto Feliz instalou o primeiro posto de gasolina e o cemitério.

Todos contribuíram e aliaram seus esforços com outros que por Boituva apontaram no princípio do século XX, quando chegaram as famílias Mazulquim, Ferrielo, Sartorelli, Franco, Barreto, Teles, Silva, Nogueira, Vitielo, Genaro, Leme, Ruscone, Assis, Prestes, Martins, Ferraz Pacheco, Christo, Mosquioni, Bueno, Gomes, Laureano, Barros.

Nesta época também chegaram as famílias de imigrantes que vieram contratadas para trabalharem na cultura do café em municípios vizinhos e de outras regiões. Quando tinham seus contratos vencidos adquiriram terras, como aconteceu com os Tirabassi, Soncim, Candioto, Moretti, Favoretti e tantos outros.

Os sírios libaneses, de tantas histórias para contar, como as famílias Issa, Abussanra, Amaro, Thame, Assad, Eid, Agostinho, Tanos, Xocaira, Macruz, Haddad, Thomé, Jorge e outros que juntamente com os que já estavam por aqui, são moradores com muitos créditos pela evolução e progresso da cidade que começou a partir de uma simples estação.

Os ciclos produtivos foram se sucedendo através do algodão, a alfafa, o café, a cana e o que mais projetou a cidade foi o abacaxi, que era conhecido internacionalmente. Hoje, a produção de cogumelos e a olericultura tem os maiores destaques.

Novas famílias foram chegando com o único objetivo de se estabelecerem para trabalhar e contribuir para o progresso. Chegaram os Luvizotto, Cizotto, Mescolotto, Mondini, Peixoto, Modanez, Sr. Walter da indústria Taunus, Bettiol, Marcon, Rudi, Urso, Oliveira, Serrão, Moro, Melaré, Pico, Galvão, Marcusso, Frizo, Simoneti, Botechia, Bento e tantos outros.

Cidade multirracial, Boituva apresenta grande diversidade étnica. São índios, negros, italianos, austríacos, portugueses, sírios libaneses, alemães e tantas outras gentes que plantaram no solo de Boituva seus sonhos de uma vida melhor.

As tradições e costumes destas etnias são valorizadas e conservadas até hoje na gastronomia, na arte e nas variadas atividades econômicas. As marcas da colonização enriquecem até hoje a cultura da cidade e contribuem no sucesso e na criatividade de um povo vencedor.


Autor: João de Castilho